No meio da explosão do rock brasileiro dos anos 80, uma banda surgiu com cara de novidade, som diferente e uma energia que ninguém estava esperando. Era o RPM — Revoluções por Minuto — e, por um tempo, eles foram os donos do palco, das rádios e das capas de revista. Mas, como toda boa história de banda de rock, o sucesso veio com brigas, polêmicas, idas e vindas.
Tudo começou quando Paulo Ricardo, que era crítico musical e morava na Europa, voltou pro Brasil com a ideia de montar uma banda que misturasse letras em português com um som moderno, cheio de sintetizadores. Foi aí que ele conheceu Luiz Schiavon, um tecladista de formação clássica que adorava música eletrônica. Eles se deram super bem, começaram a compor juntos e logo estavam recrutando outros músicos: o guitarrista Fernando Deluqui e o baterista P.A. Pagni (ou simplesmente P.A., como ficou conhecido).
Antes mesmo de lançar um álbum, o RPM já estava chamando atenção com faixas como “Louras Geladas” e “Revoluções por Minuto”, essa última até foi censurada no começo por causa de uma referência a drogas. Mas a música estourou do mesmo jeito, e logo eles estavam assinando com a gravadora CBS. O som era diferente do que se ouvia na época: uma mistura de rock com teclados modernos, letras provocativas e uma vibe meio futurista.
Em 1986, veio o maior estouro da carreira: o disco “Rádio Pirata ao Vivo”, produzido por ninguém menos que Ney Matogrosso. Gravado num show em São Paulo, o álbum vendeu mais de 3 milhões de cópias. Isso mesmo — três milhões. Foi o auge do RPM, que virou sensação nacional, com fãs enlouquecidos e uma agenda de shows lotada. Eles praticamente redefiniram o que era ser uma banda de rock no Brasil.
Só que, como muita gente sabe, manter uma banda unida quando o sucesso explode é complicado. Em 1988, o grupo lançou um novo álbum, com um som mais experimental, chamado “Quatro Coiotes”. Apesar de elogiado pela crítica, o público não comprou a ideia, e as vendas despencaram. Começaram as brigas internas, especialmente entre Paulo Ricardo e Schiavon. Ego, direção artística, dinheiro... o pacote completo. Em 1989, a banda se separou pela primeira vez.
Depois disso, vieram algumas tentativas de retorno. Em 2001, rolou um revival com direito a especial da MTV e novo disco ao vivo. Em 2011, eles lançaram o álbum “Elektra”, até indicado ao Grammy Latino. Mas em 2017, Paulo Ricardo saiu de vez da banda, alegando divergências com os outros integrantes.
Além das músicas e dos discos, o RPM ficou conhecido pelas polêmicas. Brigas públicas entre os integrantes, processos sobre o uso do nome da banda, letras com críticas sociais e políticas, como a famosa “Alvorada Voraz”, que citava escândalos da política brasileira — tudo isso fez parte do pacote. Eles eram ousados, modernos e tinham algo a dizer.
Mesmo com todos os conflitos, o RPM marcou época. Foram pioneiros ao misturar rock com sintetizadores, trouxeram uma nova estética pros palcos, e suas letras ainda dizem muito até hoje. Se você escutar “Olhar 43” em qualquer balada dos anos 80, vai ver que ninguém esqueceu. RPM foi muito mais que uma banda: foi um fenômeno, uma revolução em alta rotação.
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