A maconha pode ser considerada a droga mais polêmica que existe no mundo, pois há muitas pessoas que defendem a sua legalização em forma de cigarros, pois entendem que ela não causa nenhum maleficio, mas existe uma corrente, formada pela grande maioria das pessoas, que entendem que a maconha é uma droga com um grande poder de destruição, pois consome o viciado, bem como a sua família. Diante dessa afirmação que a maconha é prejudicial a saúde, poderíamos finalizar esta postagem com esta conclusão, mas essa conclusão seria muito parcial, pois os mesmos cientistas que concluíram que que essa droga é perigosa, também concluíram que essa mesma droga pode ser um "santo remédio" para alguns tipos de doenças, mas existem muitas dúvidas acerca da maconha do "mal" e a maconha do "bem" ( Se é que podemos dizer assim ), por esse motivo o FORSALE entrevistou o Doutor Neuri Pires, Psicólogo, Especialista da UNIFESP em Medicina Comportamental e Terapias Cognitivas para tratamento de Álcool e Outras Drogas.
FORSALE: A maconha vicia?
Contato:
(11) 98644-3195 - R. Clélia, 339 - Perdizes, São Paulo, SP.
(13) 99155-7989 - Av. Presidente Costa e Silva, 609, Conj. 404, Sala 05 - Boqueirão
E-mail: neuri@usp.br
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FORSALE: Qual a sua definição sobre a maconha?
Dr Neuri: A maconha é uma substância psicoativa capaz de alterar o funcionamento do
cérebro em suas condições normais. A maconha é considerada uma
perturbadora do sistema nervoso central, ou seja, ela faz com que a pessoa
tenha alteração da senso-percepção e fique “desligada” do tempo e espaço. Por
exemplo, após ter feito o uso, a pessoa pode achar que tenha passado três
horas, quando na verdade só passou meia hora.
FORSALE: A maconha vicia?
Dr Neuri: Primeiramente não utilizamos esse termo
“vicio”, pois ele é pejorativo e estigmatizante, entretanto sabemos que ela
causa dependência com o uso continuado.
FORSALE: Quais os efeitos prejudiciais à saúde que
ela pode provocar?
Dr Neuri: A maconha causa, em curto prazo, déficit
cognitivo e de memória, mas que revertidos quando se cessa o uso. Em longo
prazo, há diversos estudos que apontam um prejuízo da memória, falta de
concentração, síndrome amotivacional (perda da vontade de fazer tudo) e em
alguns casos pode desencadear um surto psicótico ou quadro esquizofrênico
(principalmente se a pessoa já tem uma pré-disposição genética). Como se ele
fosse uma “chave” que “abre uma porta”, mas que talvez nunca fosse aberta. O
uso também pode acelerar ou antecipar um transtorno mental. Claro que devemos
estar atentos a outros fatores envolvidos para o aparecimento da doença. Por
isso uma avaliação com o especialista é necessária.
FORSALE: Muitas drogas autorizadas pela ANVISA
podem causar dependência, qual é a diferença da dependência provocada pelas drogas
legalizadas, com a dependência provocada pela maconha?
Dr Neuri: Fato: são drogas para uso médico e só podem
ser prescritas por eles. Com isso supõe-se que há um controle (por exemplo,
aviamento de receitas) e com o acompanhamento médico, o individuo não corre
risco de tornar-se dependente de uma droga caracterizada como “legal”.
FORSALE: Parece que a maconha tem algum princípio
ativo que pode ser considerado um remédio para a cura de várias doenças,
realmente existe esse principio ativo?
Dr Neuri: Não chamamos de cura, mas de um auxilio para
o tratamento de algumas doenças crônicas. O principio ativo é chamado de
Delta-9-tetrahidrocanabinol, de onde é retirado e feito a medicação (canabidiol)
a base dessa substância.
FORSALE: Para qual(is) doença(s) ela pode
utilizada como remédio?
Dr Neuri: Pode ser utilizada para pacientes que
realizam quimioterapia (diminui o enjôo e vômitos), com esclerose múltipla,
portador da AIDS, dor crônica, glaucoma entre outros.
FORSALE: Se ela serve de remédio, então por que
não é liberado pela ANVISA?
Dr Neuri: Recentemente, devido aos processos jurídicos
promovidos por algumas famílias brasileiras, a medicação a base de THC foi
classificada no eixo de drogas permitidas para o tratamento, ou seja, ela deixa
ser proscrita e pode ser prescrita para fins terapêuticos e médicos auxiliando no controle de sintomas
de algumas doenças.
FORSALE: Existe diferença entre a ação provocada
pelo efeito causado pela maconha ao fumá-la, com o de utilizá-la como remédio?
Dr Neuri: Sim, a inalação da maconha vai direto para
área vascularizada dos pulmões e segue direto para o cérebro dando o efeito
sugerido pelos usuários. A droga
sintetizada no laboratório e para fins terapêuticos age em receptores
específicos do cérebro que atuam diretamente
no problema, ou seja, não causam dependência.
FORSALE: O uso da maconha contribui para a
violência?
Dr Neuri: Essa é uma questão complexa, pois o uso em
si da droga não é fator de risco para violência. Infelizmente, com a cultura
advinda do EUA de “guerra as drogas”, popularizaram essa crença na sociedade e
no inicio da década de setenta muitos usuários de maconha foram presos por isso
e desencadeou um aumento significativo de prisões entre pessoas negras,
adolescentes e sem ficha anterior, promovendo a discriminação e segregação
racial.
FORSALE: Como proceder caso alguma pessoa seja ou
tenha conhecido que seja dependente da maconha e deseja deixar o vício?
Dr Neuri: A dependência em si, precisa de tratamento,
sabemos que é possível parar sem qualquer tipo de tratamento, mas isso ocorre
numa pequena parcela da população. A sua grande maioria precisa de tratamento e
devemos pensar que para cada pessoa há um tipo de tratamento. Não devemos nunca
forçar o individuo a fazer algo que ele não queira. Internação não é um recurso
para tratar a dependência da maconha, isso só contribui para aumentar o estigma
e preconceito associado a problemática das drogas. Com a participação da
família e o envolvimento da sociedade podemos prover um cuidado e se pensarmos
na prevenção como estratégia ser utilizada, com certeza estaremos evitando com
que nossos jovens não faça uso de drogas.
FORSALE: Dr Neuri, nós agradecemos pela entrevista, e queremos dizer que foi uma grande honra em ter um profissional de alta qualidade contribuindo com o nosso blog.
Dr Neuri: Eu que agradeço essa oportunidade, parabéns pelo blog.
Neuri Pires das Merces
CRP 06/71041
Psicólogo Clínico Cognitivo Comportamental
Mestre em Ciências da Saúde - EEUSP
Especialista em Medicina Comportamental e Terapias Cognitivas para Tratamento de Álcool e Outras Drogas - UNIFESP
Membro do Grupo de Pesquisa em Álcool e Outras Drogas - GEAD USP
Supervisor EAD - Fé na Prevenção UNIFESP/SENAD
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(13) 99155-7989 - Av. Presidente Costa e Silva, 609, Conj. 404, Sala 05 - Boqueirão
E-mail: neuri@usp.br
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