A história do Parque Rodrigo de Gásperi, em Pirituba, é um exemplo de como uma tragédia pode virar memória pública com um objetivo: não esquecer e alertar. Para entender por que o espaço verde recebeu esse nome precisamos voltar ao início de 1992 — e ao drama que atingiu uma família e uma comunidade inteira.
O que aconteceu no estádio — o dia em que Rodrigo foi ferido
No dia 23 de janeiro de 1992, numa semifinal da Copinha (Copa São Paulo de Futebol Júnior) entre Corinthians e São Paulo, realizada no Estádio Nicolau Alayon (Barra Funda), ocorreu um episódio de violência nas arquibancadas. Em meio a brigas entre torcidas, uma bomba de fabricação caseira foi lançada para a área onde estava o jovem Rodrigo de Gásperi — então com apenas 13 anos. A explosão o atingiu na cabeça.
Internamento e falecimento
Rodrigo foi socorrido e levado ao hospital, onde permaneceu quatro dias internado. Sofreu múltiplos traumatismos cranianos e grave lesão cerebral decorrente do impacto. Não resistiu aos ferimentos e faleceu em 27 de janeiro de 1992. O caso teve grande repercussão na imprensa e entre torcidas de futebol, por se tratar de uma vítima muito jovem e pela violência dentro de um estádio.
Investigações e desdobramentos jurídicos
Houve investigação policial e chegou-se a prender um suspeito — apontado na época como ligado a torcedores —, mas não houve condenação definitiva. Com o tempo o crime permaneceu sem culpados judicialmente responsabilizados, e a família buscou reparações que seguiram sem resolução definitiva nas décadas seguintes. O episódio também impulsionou mudanças nas regras de segurança e proibições em arenas (como restrições a mastros de bandeira e fogos) e reforçou a discussão sobre violência de torcidas no Brasil.
Por que o parque recebeu o nome de Rodrigo de Gásperi?
O espaço hoje conhecido como Parque Rodrigo de Gásperi foi inaugurado originalmente em 25 de abril de 1982 como “Parque Pirituba” ou “Parque da Lagoa”. Depois da morte de Rodrigo, a comunidade e as autoridades municipais decidiram transformar o local em uma homenagem e um símbolo de alerta contra a violência nos estádios: o parque foi oficialmente renomeado para Parque Rodrigo de Gásperi por decreto municipal no final daquele mesmo ano de 1992. A Prefeitura afirma que a mudança foi feita “em homenagem a um jovem morador do bairro morto aos 13 anos, atingido por uma bomba caseira durante um jogo de futebol”.
O documento oficial (o decreto)
A renomeação está registrada no Decreto nº 32.943, de 30 de dezembro de 1992, assinado pela prefeita Luiza Erundina, que dispõe sobre a denominação do parque situado no distrito de Pirituba como PARQUE RODRIGO DE GASPERI. Ou seja: há documento oficial que prova a data e o motivo formal da mudança de nome. (Trecho do decreto disponível no arquivo da Câmara Municipal/Diário Oficial).
O parque se tornou, além de área de lazer, um lembrete público sobre os riscos da violência em eventos esportivos e sobre a necessidade de políticas sérias de segurança. A homenagem buscou transformar uma dor em sinal de alerta: espaço para famílias, esporte e convivência, em contraponto ao episódio que ceifou a vida de um adolescente. Até hoje, notas comemorativas e páginas institucionais da Prefeitura mencionam a motivação da denominação e reforçam o papel do parque como espaço comunitário.
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